Desde cedo se manifestou em mim um desejo profundo de contribuir de forma pessoal para o desenvolvimento do Povo Moçambicano, considerando o homem no seu todo. A formação humana nas suas diferentes vertentes, a cultural, académica, técnica, mas sobretudo a moral e cívica, foi um dos objectivos maiores traçados desde sempre. Em diversas ocasiões manifestei esta preocupação de que o nosso País não se pode considerar totalmente livre e independente enquanto não alcançar níveis superiores na educação e formação para os seus cidadãos, quer em quantidade quer em qualidade. A luta contra o atraso no desenvolvimento, a vários níveis, a proliferação de doenças cuja cura só se torna difícil apenas por falta de domínio da ciência e da técnica, a dependência em relação ao exterior, nos ramos económico, político, cultural e outros, são, dos mais importantes factores que determinaram que eu me envolvesse pessoalmente na criação de condições de educação e ensino para o povo moçambicano, sobretudo para as camadas mais desfavorecidas.
Muito embora reconheça o esforço que tem sido desenvolvido pelo Governo do País, certo é que o caminho ainda a percorrer é muito longo. Ao longo de toda a minha vida de sacerdote, arcebispo e cardeal, fui chamado a entrar em contacto directo com a parte mais difícil do nosso Povo. Não foi por acaso que adoptei como divisa para toda a minha actividade pastoral a frase “SERVIR E NÃO SER SERVIDO”, porque entendo que eu é que estou ao serviço dos meus irmãos e não o contrário. A minha nomeação para Arcebispo de Maputo abriu-me as portas para um conhecimento mais aprofundado de entidades, instituições e personalidades em todo o Mundo, aliado à facilidade de adaptação aos mais diferentes ambientes no universo da diversidade humana. Granjeei muitas simpatias e vi nisso uma grande oportunidade para colocar o interesse dos que mais sofrem acima de tudo o mais. Ao esboçar a criação de uma Fundação com o meu nome tive como pressupostos: a) A exposição da minha imagem criada ao longo de muitas décadas de serviço ao próximo; b) A oportunidade de ajudar os mais desfavorecidos a terem um objectivo nobre na vida; c) Evitar que um grande número de jovens, ainda em idade de continuarem a sua formação, se vejam na contingência de entrar para o mundo do desemprego por falta de níveis académicos apropriados; d) Utilizar a Fundação como pessoa colectiva de direito privado para a criação de uma Universidade que seja um centro de ensino e educação moral e cívica do Homem Moçambicano; e) Ter uma Fundação que seja um elo de ligação para que quaisquer entidades interessadas neste projecto eminentemente social possam ter espaço para participarem;